sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ela só queria ser livre.

Ela corria desorientada.
Em meio a livros e pessoas, a garota não tinha direção.
Ria alto, quase que sem pudor.
Habitava, num corpo de quinze uma mente sempre cansada.
Ela só queria ser livre, e assim, foi se amarrando dia a dia as pessoas erradas.
 Ela fingia ter muitos amigos, mas acabava sempre no colo da mesma garota, a única que até então não a abandonara.
Ela só queria ser livre, mas se aprisionava em músicas, corria desesperada os corredores da sua alma.
Quase nunca chorava, mas em silencio, tentava desatar os nós que foram feitos na linha da vida.
Às vezes ela só precisava de um abraço, porém não tinha mais rota, não tinha mais hora marcada, não tinha mais espaço.
 Vivia no automático.
 Quem a via rir, uma risada quase enlouquecida nunca imaginara o que passava dentro dela.
Ela queria que a água corresse e levasse com ela seus impasses.
Ela queria ser dona do seu destino.
Ela sentia falta do futuro.
 Ela não se pertencia.
Declarou seu amor, jogou ele ao vento na intenção que o vento o levasse.
 O vento não levou.
 Permaneceu ali com ela, no silencio do seu quarto o medo da liberdade.
Logo ela, que sonhava ser livre.
Logo ela, que sonhava em deixar de sonhar.
Logo ela, que libertava as palavras e encurralava com o olhar.
Logo ela, que se transformava a cada dia...
Como ela podia temer o seu desejo?
Ela temia a liberdade por temer a conseqüência que sempre esteve presente em sua vida, quase que imperceptível.
Ela temia a solidão.
Mas ela ainda sonhava e esperava o dia que te aprisionassem, devorassem seus medos, alentassem seu coração.
Aquela era a liberdade dela.
Um amor pra se prender.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Beijos, blues e poesia.

 Eu ainda espero.
 Espero entrar sozinha e logo após vê-la passar, com a cara fechada, mal humorada, com os cílios perdidos no rosto e o cabelo amarrado de forma qualquer.
 Ainda espero ver a cara de sono se desfazer e dar lugar ao sorriso, de dentes perfeitos.
 Ainda espero cair nos braços dela, que me abocanha o pescoço, que finge inocência.
 Ainda espero os desabraços e beijos raros.
 Ainda espero os dias de glória, em que me jurava o impossível.
 Ainda espero que ela chicoteie e me arrebata violenta e deliciosa feito o vento, com sua pele branca cheirando floresta depois de noite chuvosa.
 Ainda espero, pelo ensaio da mordida dela.
 Ainda espero pelo "beijo, blues e poesia", pela mão que só ela me entregava, pelos planos de conversa, pelos cabelos esvoaçantes.
 Ainda a espero.
 Ainda espero toda alegria que ela me trazia. 
 Espero ter seu coração em minhas mãos, ou então que me devolva o meu.
 A espero para dizer mais uma vez "Oh baby, I love you".