domingo, 27 de maio de 2012

Amor preciso.

 E o maior fato da vida é que todo mundo quer ser amado.
 Na verdade, creio que amor transcende o querer. 
 Ser amado é mesmo uma necessidade. 
 Até onde posso ir por um pouco de afeto? Acho que não tenho limites.
 Hoje acordei com aquela vontade de chorar enroscada na garganta.
 Acordei com falta de beijo.
 Passei a noite pensando se vale a pena fingir que somos amados ou se compensa mais a solidão do que uma mentira.
 Todo mundo quer ser amado, não tem discussão.
 E saibam, todas aquelas vezes que disse que não precisava de amor, que eu viveria sem carinho, foi a maior mentira que já professei.
 Dizia isso pra brincar de aço, pra fingir que tenho coração de lata, pra tentar aprender a não sentir. 
 E parei no mesmo lugar.
 Com o mesmo vazio no peito, que chega a fazer eco.
 Dizia isso por que ninguém nunca ouviu meus soluços compulsivos no meio da madrugada.
 Meus soluços de solidão.
 Todo mundo necessita ser amado. E não é de amor de mãe que eu falo não, amor fraternal até me sobra.
 Ou melhor, amor nunca sobra.
 Falo desse amor de fantasia, amor de carne, osso, sentimento.
 Necessito de um amor que seja um sopro de vida, um amor de aliança, de música.
 Necessito de um amor que me molhe feito a chuva, um amor de lágrimas, de poesia.
 Um amor que mude minha alma de casa.
 Um amor, na sua simples complexidade.
 Não fingirei mais que tenho coração de lata, tenho medo, vai que as lágrimas o molhe e ele enferruje? 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Liberdade inventada

 Eu corria por um campo limpo, e por mim corria o vento.
 Dançava, brincava de roda, assim como fazia na breve infância que tive.
 De vestido florido, tinha os olhos pintados de azul, sorria exteriorizando a criança de sempre.
 Logo avistava minha avó, trazendo no rosto aquela calmaria de sempre. Corria até ela, beijava sua mão e a pedia que me abençoasse.
 Por um breve momento, pensava "se essa rua fosse minha, a ladrilharia com os brilhantes dos anéis das mulheres de coração tão duro quanto a pedra que enfeita suas mãos, que por uma ostentação rouba a infância de uma criança qualquer".
 Voltava a correr e brincar, sentia cheiro de rosas, cheiro da inocência das crianças pequenas que brincavam comigo, encantavas com o verde do campo aberto.
 Fui despertada da minha linda utopia por uma lagrima salgada, que teimou em rolar meu rosto e parar nos meus lábios.
 Abri os olhos e vi a rua da minha casa, estava frio, e eu vestia as mesmas roupas cinzas e pretas de sempre.
 Mesmo escuro, olhei pro céu e pude ver que logo mais clarearia. 
 Procurei no bolso da calça jeans o meu celular e olhei as horas.
 Eram cinco e cinquenta e cinco da manhã.
 Vou parar de sonhar, não tenho mais tempo pra isso, meu ônibus está subindo a rua e às sete horas tenho aula de matemática.